BIOGRAFIA
Professor, Ator, Diretor Arístico e Produtor. Paulo Betti reúne inúmeros talentos e conquistas ao longo dos seus 50 anos de carreira e traz consigo uma história emocionante de superação.
"É muito difícil ser objetivo quando se trata de justificar uma autobiografia. Um monólogo teatral baseado em sua própria vida e experiência. Neste momento existem dezenas de monólogos em cartaz nos teatros de nosso País. Quase todos são autobiográficos, pois relatam fatos, divertidos ou não, da experiência de vida de seus autores. Muitos fazem sucesso arrebanhando expressivo número de espectadores. Muitos estão dentro da classificação imprecisa de “stand up comedy”, ou na tradução expressiva de “comédia em pé”. Um microfone, um foco de luz e um ator/comediante fazendo o público rir. Não é pouca coisa e tem dado resultado nos dias que correm. Mas, porque resolvo neste momento levar aos palcos esta “Autobiografia autorizada”? Tentarei ser objetivo:
Estava decidido a levar a cena um monólogo, escrito por um amigo, sobre a morte. Mas, uma coisa sempre me incomodava nas leituras preliminares. Eu, o ator representando o personagem do monólogo, dizia direto pro público: – “minha mãe tinha uma empregada doméstica ...” Claro que eu compreendia a situação do ator representando um personagem. Mas seria eu falando, e o público receberia essa informação como um depoimento. Do personagem, mas também do ator. Como dizer isso, se na minha historia pessoal, minha mãe foi uma empregada doméstica?
Comecei achar que deveria dizer -“ minha mãe era uma camponesa, filha única, que mudou para a cidade onde foi empregada doméstica. Analfabeta, teve 15 filhos, fui o décimo quinto, temporão, com dez anos de diferença de meu irmão mais novo, meu pai e minha mãe, depois do décimo quarto, ficaram dez anos sem ter filhos e então com ela aos quarenta e cinco anos, nasci.” Me pareceu mais forte. Desisti de fazer o excelente monólogo escrito por meu amigo e me lancei na aventura de escrever meu próprio texto, baseado em minha experiência e vida pessoal. Estou com setenta e um anos de idade. Saí do mundo rural onde meu avô, um imigrante italiano, trabalhava a meia para um fazendeiro negro. Meu pai era esquizofrênico. Consegui estudar em boas escolas, cursei um Ginásio Industrial em tempo integral, me formei pela Escola de Arte Dramática da USP, fui professor na Unicamp.
E hoje sigo a carreira artística, de forma que consigo viver 100% da arte."